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Depois de dois anos em busca de um diagnóstico, Chris Ruan de Lima Araújo, 6, agora sorri e recebe o carinho da mãe no leito do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. O menino apresentou problemas cardíacos quando completou quatro anos e só agora descobriu que sofria com a síndrome de Kawasaki. Doença considerada rara e que causa inflamações nos vasos sanguíneos.

Chris Ruan já estava com as duas principais artérias do coração obstruídas. Por ser ainda pequeno e muito frágil, não suportaria uma cirurgia convencional. Os médicos então optaram por uma angioplastia. "Nós fizemos uma implantação de um stent [pequeno tubo feito de aço inoxidável ou liga de cobalto] recoberto com medicação nas coronárias direita e esquerda", disse o cardiologista Vilmar José Pereira.

O procedimento cirúrgico foi considerado inédito pelo médico. Segundo ele, o stent foi inserido na virilha da criança, até alcançar o coração e fazer a desobstrução das artérias. "Eu não encontrei nenhum método desse feito em crianças na literatura da medicina. Com a equipe médica do hospital, estudamos o caso e vimos que era possível."

O menino não apresentou nenhum sintoma comum da doença, como febre, dores no corpo, inchaço e avermelhamento em algumas partes do corpo. Segundo Pereira, ele apenas reclamava de cansaço e crises de falta de ar. "A doença é de extrema gravidade e o procedimento proposto era de risco, entretanto era a única opção terapêutica capaz de salvar a vida dele", complementa.

A família foi informada pelo médico que se tratava de um procedimento arriscado. A mãe, Francilene Pereira de Lima, disse que autorizou a operação, mas se sentiu insegura. "Fiquei sem saber o que fazer, porque era de risco. Tive medo, mas agora deu tudo certo e me sinto aliviada", revela.

Custo da cirurgia

A mãe de Chris Ruan conta que, nos últimos dois anos, a família tem lutado para tentar conseguir a cura para o filho. Para isso, ela, o menino e o marido, o auxiliar de produção José Carlan da Silva Araújo, se mudaram de Buriti, no interior do Maranhão, para Tupaciguara, no Triângulo Mineiro. "A irmã dele vive em Tupaciguara e nos ajudou", conta Francilene.

Depois de uma crise de falta de ar, o menino foi encaminhado para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e foi diagnosticado com a síndrome. "Foi um sofrimento ficar todo esse tempo sem respostas. Todos os dias ele me pedia pra ajudá-lo, e eu não podia fazer nada", afirmou a mãe.

Mas, quando a família pensou que estava tudo bem, veio a notícia de que o Sistema Único de Saúde (SUS) não cobria a cirurgia proposta pelo médico. O pai, José Carlan, precisou procurar o Ministério Público para conseguir viabilizar a cirurgia do filho. Todo o procedimento cirúrgico foi feito por meio de uma ordem judicial. "Eu não tinha condições financeiras para arcar. Fui duas vezes lá (MP) para conseguir [o dinheiro] e iria 10 vezes se fosse preciso", disse o pai.

"O pior já passou", comentou a mãe, ao se lembrar de tudo o que a criança precisou passar para conseguir o tratamento. Ainda sem previsão de alta, o garoto se recupera da cirurgia. Segundo o médico, é possível que a musculatura do coração se recupere em até seis meses. "A criança já está se sentindo melhor, o refluxo da válvula já diminuiu, mas isso é lento e pode continuar evoluindo", afirma o médico.

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